terça-feira, 26 de setembro de 2017

Há fortes suspeitas de ser Ana Íris', diz polícia sobre corpo encontrado

A Divisão de Repressão à Sequestro da Polícia Civil do Distrito Federal confirmou, em nota, que há "fortes suspeitas" de que o corpo encontrado em Samambaia Norte, nesta terça-feira (26/9), seja da adolescente Ana Íris dos Santos, 11 anos. Embora as autoridades não confirmem oficialmente a identidade da jovem, a família garante que o corpo é dela, principalmente por causa da blusa que ela estava vestindo em 10 de setembro, dia que foi vista com vida pela última vez. A morte da garota mobilizou os moradores do bairro, que lamentam com indignação e revolta a violência na região.
 
 
Primogênita entre os cinco irmãos, Ana Íris foi vista pela última vez na QR 829, em Samambaia Norte, próximo de casa. Chegou a pedir para a avó fazer um lanche, mas sumiu sem comer o que tinha sido preparado por ela. Apesar de ficar desaparecida por 16 dias, a mãe da jovem, a dona de casa Maria das Graças dos Santos, ainda tinha esperanças de encontrá-la viva. Ao receber a notícia do corpo, precisou ser amparada e levada até a casa de uma amiga próxima da família, a comerciante Eriluce Santana de Carvalho, 46 anos, onde foi medicada.
Abalada, Eriluce, que recebia Ana Íris com frequência no comércio da região, lembrou do jeito carinhoso com que a adolescente tratava as pessoas. “Ela era indefesa e tão ingênua que tinha 12 anos, mas parecia que eram 9 ou 10. Era uma menina boa, estudiosa e alegre”, contou a mulher que segurava a irmã mais nova da menina de apenas 9 meses.
 
Bárbara Cabral/Esp.CB/DA Press
Próxima da família, a educadora social Valdomira Dionísio, 59, descreveu a menina, à época do desaparecimento, como extrovertida, dedicada aos estudos e responsável. "Ela frequenta a escola e nunca foi de fazer isso. É preocupante, pois a família dela é muito carente. São cinco crianças para cuidar, apenas com o auxílio do Bolsa Família. Estão todos apavorados”, comentou no mesmo dia. Nesta terça-feira, Valdomira também confirmou ao Correio que familiares tinham reconhecido o corpo. 
 

Pessoas desaparecidas

O cenário de angústia e desamparo ante a falta de informações sobre o paradeiro de um ente querido ainda é realidade para várias famílias do Distrito Federal. No primeiro semestre deste ano, 1,3 mil ocorrências de desaparecimento foram contabilizadas pela Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social do DF. Dos 1.353 registros, 1.199 pessoas haviam sido localizadas até 10 de julho e 154 continuavam sumidas.

Durante todo o ano passado, o número de ocorrências chegou a 3.157. Desse total, 1.464 eram crianças e adolescentes, de até 18 anos. Isso significa que, em 2016, oito pessoas foram registradas como sumidas no DF, por dia. Segundo estatísticas da SSP-DF, 550 permaneciam desaparecidas até março deste ano, quando o estudo foi atualizado.

Das ocorrências, 1.545 eram do sexo feminino e 1.612, masculino. As mulheres apresentaram maior número na faixa etária entre 13 e 17 anos, com 76% dos casos. Até 12 anos de idade, o registro é de 59%. Em relação aos homens, as ocorrências são mais frequentes na faixa de 30 a 49 anos, atingindo 84% do total.
 

Cadastro único 

No Brasil, estima-se que desaparecem por ano cerca de 250 mil pessoas, das quais 50 mil são crianças e adolescentes. O levantamento é da Associação Brasileira de Busca e Defesa de Crianças Desaparecidas (ABCD), ONG popularmente conhecida como Mães da Sé. Contudo, o número pode ser maior. Os dados não estão atualizados, por falta de um cadastro único de pessoas desaparecidas. Um exemplo dessa desatualização são os números do Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos. Atualmente, há apenas 368 casos registrados no cadastro.  

Entre as ações para mudar esse cenário, segundo a pasta, estão em andamento um mapeamento de outros cadastros de crianças e adolescentes desaparecidos existentes no país e a discussão de como integrar essas ferramentas, além da construção de um novo site com informações sobre o tema.
 
Em caso de desaparecimento: DISQUE 197 (Polícia Civil do DF) DISQUE 100 (todo o país)
Denúncia On-line: www.pcdf.df.gov.br/servicos/197. 

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