quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Ministério Público do DF Afasta toda Mesa Diretora da Casa CLDF

Celina Leão 
Raimundo Ribeiro 
Cristiano Araujo 
Bispo Renato 
Júlio César
A crise na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) chegou ao momento mais crítico com a deflagração da Operação Drácon, que apura suposta cobrança de propina sobre créditos orçamentários no valor de R$ 30 milhões para o pagamento de dívidas de UTI. A Justiça tomou uma decisão inédita na história do DF de afastar a presidente da CLDF, Celina Leão (PPS), e de toda a Mesa Diretora da Casa, que incluía os deputados Raimundo Ribeiro (PPS), Bispo Renato (PR) e Júlio César (PRB). Foram emitidos 14 mandados de busca e apreensão, oito de condução coercitiva e os quatro pedidos de afastamentos cautelares que retiram os parlamentares dos cargos na Mesa.

Celina fica afastada da Presidência da Câmara até o fim das investigações. A decisão pelos afastamentos cautelares veio no último domingo, tomada pelo desembargador Humberto Adjuto Ulhôa, vice-presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT). O processo, agora, será designado a um relator, que vai conduzi-lo até o fim. Todos os cinco parlamentares prestaram depoimento na Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap). Eles não estão impedidos de exercer os mandatos. Além deles, os ex-servidores da CLDF Alexandre Braga Cerqueira e Valério Neves Campos, bem como o ex-presidente do Fundo de Saúde do DF Ricardo Cardoso dos Santos são investigados — esse último não prestou depoimento porque estava em São Paulo. Os deputados depuseram pela manhã, mas não falaram com a reportagem.

Em coletiva, o promotor do MPDFT Clayton da Silva Germano afirmou que o vazamento dos áudios feitos pela deputada Liliane Roriz (PTB) na última semana adiantou a operação. “Ela veio ao conhecimento público antes do momento em que nós julgávamos oportuno. As investigações estão em curso e são sigilosas”, frisou, negando que tenha havido vazamento da ação. De acordo com Germano, a decisão do afastamento cautelar dos distritais ocorreu por causa da imputação da prática de crime à Mesa Diretora. “No entender do Ministério Público, a presença dessas pessoas poderia comprometer os trabalhos da Câmara e as investigações”, explicou.

Os promotores informaram que somente após a análise de todo o material apreendido — só de malotes foram 14, de acordo com a Polícia Civil — poderão ser traçados os direcionamentos das investigações. A operação também apreendeu R$ 16 mil, entre dinheiro em espécie e joias, mas os promotores não disseram de que local o valor veio. No total, 18 promotores atuam no caso. Nenhum dos mandados de condução coercitiva precisou ser cumprido, pois todos os envolvidos se apresentaram para depor na Decap.

Chaveiro
Os policiais civis e representantes do MPDFT chegaram às 6h10 na Câmara Legislativa para cumprir os 14 mandados de busca e apreensão acompanhados de um chaveiro. Ele abriu as portas dos gabinetes dos deputados — as fechaduras teriam sido trocadas no início desta semana pela Presidência da Casa. A Decap mobilizou 74 agentes para a operação. Eles reviraram gavetas das salas e saíram da Câmara com malotes, caixas com documentos e computadores. “É uma faxina na política do DF. Estamos construindo essa parceria com o Ministério Público e com o Poder Judiciário porque não podemos mais permitir a falência do Estado com condutas não republicanas. Enquanto poucas pessoas estão enriquecendo, muitas outras morrem”, comentou o diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba.


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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Liliane Roriz é um furacão na Câmara Legislativa DF


Gustavo Moreno/CB//D.A press
A denúncia de Liliane Roriz (PTB) envolve um quarto da Câmara Legislativa. São citados distritais da Mesa Diretora e integrantes da CPI da Saúde em um esquema de cobrança de propina sobre créditos orçamentário no valor de R$ 31 milhões usados para quitação de dívidas com empresários do ramo de UTI.

Leia mais notícias em Cidades

A presidente afastada da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS), e os deputados Cristiano Araújo (PSD), Raimundo Ribeiro (PPS), Bispo Renato (PR) e Júlio César (PRB) prestaram depoimento na manhã desta segunda-feira (23/8), na Delegacia de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decap).

As oitivas, que envolvem, ainda, funcionários da Câmara, fazem parte dos trabalhos da Operação Dracón, da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e territórios (MPDFT). Agentes também cumpriram mandados de busca e apreensão na Casa e na residência dos parlamentares.

Peças mexidas

O escândalo político trouxe novos protagonistas ao centro do poder. Juarezão (PSB) — eleito vice-presidente no lugar de Liliane —, Agaciel Maia (PTC), Lira (PHS),  Rodrigo Delmasso (PTN), como secretários suplentes da Mesa Diretora. Delmasso agora é líder do governo na Câmara no luar de Júlio César (PRB), que renunciou ao posto para cuidar de sua defesa.

Cristiano Araújo (PSD) é citado como articulador do esquema. Segundo Liliane, ele conseguiu o “negócio” das UTIs. Raimundo Ribeiro (PPS), Bispo Renato Andrade (PR) e Júlio César (PRB), além de Celina e Liliane, seriam os beneficiários da operação fraudulenta.

Vejam quem é quem na negociata.
Os distritais investigados

Carlos Moura/CB/D.A Press
Júlio César (PRB) - 2° Secretário
Ex-secretário de Esporte do GDF, Júlio César, 41 anos, foi  calouro em eleições em 2014 e se tornou líder do governo na Câmara — entregou o cargo depois do escândalo de corrupção. Foi o mais votado com 29.384 votos. Ex-empresário do ramo de segurança patrimonial em São Paulo, mudou-se para Brasília em 2011, a pedido do partido, para assumir a secretaria-adjunta de Esporte. Evangélico há 24 anos, casado há 21 e membro da Igreja Universal do Reino de Deus, Júlio deveu boa parte de seu sucesso eleitoral à dobradinha feita com deputado federal Vítor Paulo, eleito deputado federal pelo RJ em 2010. 

Carlos Moura/CB/D.A Press
Liliane Roriz (PTB) - Vice-presidente da Mesa Diretora
Filha caçula de Joaquim Roriz, governador do Distrito Federal quatro vezes. É irmã de (Jaqueline Roriz), política do PMN que apareceu em vídeo recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do Mensalão do DEM no Distrito Federal. Liliane foi eleita  deputada distrital pela primeira vez em 2010. Em 2014 foi a 11ª distrital mais votada com 16.745 votos. Apesar de ser entendida como herdeira política do pai, Liliane vem mantendo uma postura independente. Já declarou, por exemplo, ser a favor do financiamento público de campanhas como medida de evitar a corrupção. Elaé ex-vice-presidente da Câmara, sofre três processos por quebra de decoro parlamentar e pode ter o mandato cassado pelo TJDFT.

Gustavo Moreno/CB/D.A Press
Cristiano Araújo (PSD) -  Integrante da CPI da Saúde
Nascido em Brasília e com apenas 33 anos, Cristiano está no seu terceiro mandato. Eleito pela primeira vez em 2006, sendo reeleito em 2010. Cristiano é herdeiro da Vipasa, empresa especializada em vigilância patrimonial armada. Em sua carreira política, Cristiano já se envolveu em alguns escândalos, como a acusação de que a empresa de sua família teria incluído, sem necessidade, na planilha de custos do contrato com o GDF, valores de alíquotas do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).  Cristiano também foi investigado pela  Polícia Civil em um suposto esquema de concessão fraudulenta de bolsas da Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP-DF), com evidências da participação do distrital na contratação de pessoas sem qualquer qualificação para receberem bolsas de pesquisa de até R$ 4 mil, em desrespeito aos critérios do edital.  O Ministério Público do Distrito Federal denunciou o deputado distrital Cristiano Araújo (PTB) por fraude à Lei de Licitações e imputou o crime nove vezes ao deputado. Em 2014, recebeu 14.657 votos (15º colocado).

Gustavo Moreno/CB/D.A Press
Bispo Renato (PR) - 3º Secretário e integrante da CPI da Saúde
Renato Andrade, fundador da Igreja Episcopal Apocalipse e presidente da Federação Nacional de Igrejas Cristãs (Fenaic), atuou na Secretaria de Trabalho do governo Agnelo Queiroz (PT) e se manteve no GDF mesmo após o anúncio da filiação de José Roberto Arruda ao PR. O Pastor afirma que a política é um instrumento de deus para chegar às pessoas. Em 2014, recebeu 14.216 votos (17º colocado).

Ed Alves/CB/D.A Press
Celina Leão (PPS) - Presidente da Mesa Diretora
Celina Leão foi secretária da Juventude do DF em 2006, no governo Joaquim Roriz. Em 2010 elegeu-se deputada distrital pelo PMN, depois, migrou para o PSD a pedido de Rogério Rosso e hoje está no PPS. Em seu mandato, Celina fez forte combate ao governo de Agnelo Queiroz. A deputada e membros da família Roriz, da qual é muito próxima, foram citadas pelo Mp por montarem uma organização que desviava dinheiro público e fraudava contratações de obras vinculadas à Administração Regional de Samambaia. Na época, ela era assessora parlamentar de Jacqueline Roriz.  Em 2014, recebeu 12.670 votos (18º colocado).

Andre Violatti/Esp. CB/D.A Press
Raimundo Ribeiro (PPS) - 1° Secretário
Sua participação no Serviço Público teve começo no Ministério da Educação e Cultura (MEC) onde foi Presidente da Associação dos Funcionários. Foi nomeado, em 2000, gerente regional do patrimônio da União, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2006, foi eleito deputado distrital, concorrendo na mesma chapa que elegeu José Roberto Arruda ao governo do Distrito Federal. Em 2007, assumiu a recém-criada pasta da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal, cargo que exerceu por 18 meses. Em 2010 disputou as eleições para o cargo de deputado distrital, sendo eleito suplente. Em 2011, retornou ao seu órgão de origem, Advocacia Geral da União (AGU). Em 2014, recebeu 10.026 votos (23º colocado).
Os servidores inve

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal Afasta toda Mesa Diretora da Câmara Legislativa DF

Operação derruba Mesa Diretora e CPI da Saúde: veja quem é quem
São citados distritais da Mesa Diretora e integrantes da CPI da Saúde em um esquema de cobrança de propina sobre créditos orçamentário no valor de R$ 31 milhões




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 postado em 23/08/2016 16:02 / atualizado em 23/08/2016 17:34
 Otávio Augusto , Luiz Calcagno
Descrição: Gustavo Moreno/CB//D.A pressRaimundo Ribeiro deixa a delegacia após condução coercitiva

A denúncia de Liliane Roriz (PTB) envolve um quarto da Câmara Legislativa. São citados distritais da Mesa Diretora e integrantes da CPI da Saúde em um esquema de cobrança de propina sobre créditos orçamentário no valor de R$ 31 milhões usados para quitação de dívidas com empresários do ramo de UTI.

Leia mais notícias em Cidades

A presidente afastada da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS), e os deputados Cristiano Araújo (PSD), Raimundo Ribeiro (PPS), Bispo Renato (PR) e Júlio César (PRB) prestaram depoimento na manhã desta segunda-feira (23/8), na Delegacia de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decap).

As oitivas, que envolvem, ainda, funcionários da Câmara, fazem parte dos trabalhos da Operação Dracón, da Polícia Civil e do Ministério Público do Distrito Federal e territórios (MPDFT). Agentes também cumpriram mandados de busca e apreensão na Casa e na residência dos parlamentares.

Peças mexidas

O escândalo político trouxe novos protagonistas ao centro do poder. Juarezão (PSB) — eleito vice-presidente no lugar de Liliane —, Agaciel Maia (PTC), Lira (PHS),  Rodrigo Delmasso (PTN), como secretários suplentes da Mesa Diretora. Delmasso agora é líder do governo na Câmara no luar de Júlio César (PRB), que renunciou ao posto para cuidar de sua defesa.

Cristiano Araújo (PSD) é citado como articulador do esquema. Segundo Liliane, ele conseguiu o “negócio” das UTIs. Raimundo Ribeiro (PPS), Bispo Renato Andrade (PR) e Júlio César (PRB), além de Celina e Liliane, seriam os beneficiários da operação fraudulenta.

Vejam quem é quem na negociata.
Os distritais investigados

Descrição: Carlos Moura/CB/D.A Press

Júlio César (PRB) - 2° Secretário
Ex-secretário de Esporte do GDF, Júlio César, 41 anos, foi  calouro em eleições em 2014 e se tornou líder do governo na Câmara — entregou o cargo depois do escândalo de corrupção. Foi o mais votado com 29.384 votos. Ex-empresário do ramo de segurança patrimonial em São Paulo, mudou-se para Brasília em 2011, a pedido do partido, para assumir a secretaria-adjunta de Esporte. Evangélico há 24 anos, casado há 21 e membro da Igreja Universal do Reino de Deus, Júlio deveu boa parte de seu sucesso eleitoral à dobradinha feita com deputado federal Vítor Paulo, eleito deputado federal pelo RJ em 2010. 

Descrição: Carlos Moura/CB/D.A Press

Liliane Roriz (PTB) - Vice-presidente da Mesa Diretora
Filha caçula de Joaquim Roriz, governador do Distrito Federal quatro vezes. É irmã de (Jaqueline Roriz), política do PMN que apareceu em vídeo recebendo dinheiro de Durval Barbosa, delator do Mensalão do DEM no Distrito Federal. Liliane foi eleita  deputada distrital pela primeira vez em 2010. Em 2014 foi a 11ª distrital mais votada com 16.745 votos. Apesar de ser entendida como herdeira política do pai, Liliane vem mantendo uma postura independente. Já declarou, por exemplo, ser a favor do financiamento público de campanhas como medida de evitar a corrupção. Elaé ex-vice-presidente da Câmara, sofre três processos por quebra de decoro parlamentar e pode ter o mandato cassado pelo TJDFT.

Descrição: Gustavo Moreno/CB/D.A Press

Cristiano Araújo (PSD) -  Integrante da CPI da Saúde
Nascido em Brasília e com apenas 33 anos, Cristiano está no seu terceiro mandato. Eleito pela primeira vez em 2006, sendo reeleito em 2010. Cristiano é herdeiro da Vipasa, empresa especializada em vigilância patrimonial armada. Em sua carreira política, Cristiano já se envolveu em alguns escândalos, como a acusação de que a empresa de sua família teria incluído, sem necessidade, na planilha de custos do contrato com o GDF, valores de alíquotas do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins).  Cristiano também foi investigado pela  Polícia Civil em um suposto esquema de concessão fraudulenta de bolsas da Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP-DF), com evidências da participação do distrital na contratação de pessoas sem qualquer qualificação para receberem bolsas de pesquisa de até R$ 4 mil, em desrespeito aos critérios do edital.  O Ministério Público do Distrito Federal denunciou o deputado distrital Cristiano Araújo (PTB) por fraude à Lei de Licitações e imputou o crime nove vezes ao deputado. Em 2014, recebeu 14.657 votos (15º colocado).

Descrição: Gustavo Moreno/CB/D.A Press

Bispo Renato (PR) - 3º Secretário e integrante da CPI da Saúde
Renato Andrade, fundador da Igreja Episcopal Apocalipse e presidente da Federação Nacional de Igrejas Cristãs (Fenaic), atuou na Secretaria de Trabalho do governo Agnelo Queiroz (PT) e se manteve no GDF mesmo após o anúncio da filiação de José Roberto Arruda ao PR. O Pastor afirma que a política é um instrumento de deus para chegar às pessoas. Em 2014, recebeu 14.216 votos (17º colocado).

Descrição: Ed Alves/CB/D.A Press

Celina Leão (PPS) - Presidente da Mesa Diretora
Celina Leão foi secretária da Juventude do DF em 2006, no governo Joaquim Roriz. Em 2010 elegeu-se deputada distrital pelo PMN, depois, migrou para o PSD a pedido de Rogério Rosso e hoje está no PPS. Em seu mandato, Celina fez forte combate ao governo de Agnelo Queiroz. A deputada e membros da família Roriz, da qual é muito próxima, foram citadas pelo Mp por montarem uma organização que desviava dinheiro público e fraudava contratações de obras vinculadas à Administração Regional de Samambaia. Na época, ela era assessora parlamentar de Jacqueline Roriz.  Em 2014, recebeu 12.670 votos (18º colocado).

Descrição: Andre Violatti/Esp. CB/D.A Press


Raimundo Ribeiro (PPS) - 1° Secretário
Sua participação no Serviço Público teve começo no Ministério da Educação e Cultura (MEC) onde foi Presidente da Associação dos Funcionários. Foi nomeado, em 2000, gerente regional do patrimônio da União, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2006, foi eleito deputado distrital, concorrendo na mesma chapa que elegeu José Roberto Arruda ao governo do Distrito Federal. Em 2007, assumiu a recém-criada pasta da Secretaria de Estado de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania do Distrito Federal, cargo que exerceu por 18 meses. Em 2010 disputou as eleições para o cargo de deputado distrital, sendo eleito suplente. Em 2011, retornou ao seu órgão de origem, Advocacia Geral da União (AGU). Em 2014, recebeu 10.026 votos (23º colocado).

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Liliane Roriz Denuncia Esquema de Proprina na CLDF

Liliane Roriz denuncia esquema de propina liderado por Celina Leão e entrega gravações ao MP

Publicado em CB.Poder
A deputada distrital Liliane Roriz (PTB) gravou conversas com a presidente da Câmara Legislativa, Celina Leão (PPS), em que a chefe do Legislativo teria tratado sobre um suposto esquema de cobrança de propina. Celina Leão e um grupo de distritais da Mesa Diretora teriam exigido dinheiro de empresários para liberar recursos para o pagamento de dívidas de hospitais. A denúncia foi revelada pelo jornal O Globo na tarde desta quarta-feira. O caso é investigado pelo Ministério Público do DF.

No áudio, Celina conversa com Liliane sobre a liberação de R$ 30 milhões.  Os recursos haviam sobrado do orçamento da Câmara Legislativa e poderiam ser realocados por decisão do comando da Casa. Inicialmente, a bolada seria remanejada para pagar reformas de escolas públicas. Mas, segundo a denúncia de Liliane, o empresário abordado não aceitou pagar propina. Diante da negativa, deputados teriam buscado outros setores. Segundo a presidente da Câmara, os colegas teriam conseguido “com um cara” que iria ajudar.  “Se vai ajudar tem que ajudar todo mundo”, afirmou Celina a Liliane.  “Você não tá fora do projeto, não. Você tá no projeto. Mandei o Valério já falar com você”. A chefe do Executivo faz menção a Valério Neves, ex-secretário-geral da Câmara Legislativa, que foi preso na Operação Lava Jato acusado de ser operador do ex-senador Gim Argello.

Em outra conversa, de Liliane com Valério, o então secretário-geral da Câmara Legislativa diz que o distrital Cristiano Araújo (PSD) conseguiu o “negócio” das UTIs. Segundo Valério, o “negócio” de Cristiano poderia render “no mínimo 5% e no máximo 10, em torno de 7%”. “Quem sabe disso são só os cinco membros da Mesa e o Cristiano”, acrescenta Valério. Fazem parte da Mesa Diretora Bispo Renato Andrade (PR), Júlio César (PRB), Raimundo Ribeiro (PPS) e Celina Leão. Liliane renunciou à vice-presidência ontem.

O Ministério Público do Distrito Federal informou que foi aberto um procedimento investigativo na esfera criminal para apurar as denúncias apresentadas por Liliane Roriz. Também há apurações em curso para verificar se houve improbidade administrativa.




terça-feira, 9 de agosto de 2016

O ex Senador Luiz Estevão é acusado de Reformas na Papuda

Condenado a 26 anos de prisão pelos desvios de recursos públicos do TRT de São Paulo, o empresário Luiz Estevão pagou pela reforma do bloco 5 do Centro de Detenção Provisória (CPD) do Complexo Penitenciário da Papuda, em que cunpre a pena.
É o que aponta ação de improbidade administrativa, ajuizada pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), na última sexta-feira (05), à qual o Correio teve acesso. Na ação, revelada na edição desta semana da revista Veja, Luiz Estevão é comparado ao traficante Pablo Escobar que construiu um presídio em Medellín, o La Catedral, com luxos que nenhuma prisão do mundo tem.
A história foi bem retratada recentemente na série Narcos, que tem Wagner Moura como protagonista. Escobar comandava os negócios de dentro da prisão e recebia as visitas que queria e quando desejava.
No caso do CDP, Estevão providenciou regalias que os detentos de alas próximas não podem sonhar. As celas são maiores, com vasos sanitários, chuveiro elétrico, televisão com tela plana, antena parabólica e ventilador de teto. Estevão cumpre pena numa ala especial, com dois condenados do mensalão, Ramon Rollerbach e Henrique Pizzolato.
No prédio, estão localizadas as alas de vulneráveis, de ex-policiais e de presos federais.
O delegado Anderson Espíndola, atual Subsecretário do Sistema Penitenciário (Sesipe), diz que, se Luiz Estevão pagou pela reforma do bloco onde cumpre pena, alguém deverá ser responsabilizado. “Se houve, não tenho conhecimento. Ocorreu na gestão passada”, afirma.
Espíndola, no entanto, garante que os presos do bloco 5 não têm regalias em relação aos demais. “A diferença ê que os vulneráveis e ex-policiais estão num bloco novo, enquanto outros cumprem pena en blocos mais antigos, da década de 1960”, diz. “Essa diferença não é novidade para o Ministério Público do DF. Os benefícios que eles têm estão enquadrados dentro do que a Lei de Execuções Penais preconiza”, acrescenta. A Justiça também acompanha a execução das penas, ressalta o subsecretário.
Confirmação em depoimento
O maior problema, no entanto, é como a reforma ocorreu. Em investigação do Núcleo de Controle e Fiscalização do Sistema Prisional, os promotores estranharam a diferença de tratamento nos blocos.
Não há nenhum registro oficial da obra, que levou mais de seis meses e implicou a mudança de todo o arquivo do sistema prisional do DF.
Em depoimento ao Ministério Público, o ex-senador Luiz Estevão confirmou ter promovido a reforma. Ele disse que atendeu ao pedido do ex-ministro de Justiça Márcio Thomaz Bastos, que morreu em 2014. Segundo o depoimento, ele estava preocupado com o destino dos seus clientes do Mensalão.
Na opinião do Ministério Público, a forma como foi realizada a obra teve o intuito deliberado de ocultar seus verdadeiros propósitos.
Após diversas diligências, foi possível ouvir profissionais que trabalharam no local e demais envolvidos, além de terem sido obtidas notas fiscais comprobatórias dos materiais empregados na reforma do bloco 5 do CDP e na construção de um galpão para abrigar os arquivos do complexo.
A arquiteta responsável pela obra, Debora Lima, é funcionária do Grupo Ok.
Para evitar o rastreamento dos responsáveis pela obra, Estevão teria usado uma empresa fantasma.
As investigações comprovaram que Estevão usou uma sociedade empresarial sem sede própria ou funcionários, com endereço falso, para executar a obra.
Segundo investigação do MPDFT, essa manobra tentou evitar qualquer associação ao ex-senador.
Por isso, foi contratada a empresa SR2 em regime de empreitada: a mão de obra e ao menos grande parte do material foi adquirido pela empresa para subsequente pagamento do Grupo OK.
As informações foram confirmadas ao Ministério Público por pedreiros e pelo mestre de obras que trabalharam no local.
O MPDFT ajuizou ação de improbidade administrativa – desrespeito aos princípios da Administração Pública como impessoalidade, moralidade e publicidade – contra o ex-senador Luiz Estevão e a cúpula do sistema prisional do DF à época: o então subsecretário do Sistema Penitenciário (Sesipe), Cláudio de Moura Magalhães; o coordenador-geral da Sesipe, João Helder Ramos Feitosa; e o diretor do CDP, Murilo José Juliano da Cunha.
Na ação, há o pedido de liminar de indisponibilidade dos bens dos réus. Estevão já está com os bens bloqueados por força de decisão no processo do TRT de Sáo Paulo.
Além disso, o Ministério Público pede a sanção máxima prevista no artigo 12 da Lei 8.429/92, que prevê a perda da função pública, a suspensão dos direitos políticos, o pagamento de multa civil de até cem vezes o valor da remuneração do agente e a proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios. Há ainda o pedido de dano moral coletivo.
Cláudio Magalhães, João Feitosa e Murilo José Juliano da Cunha são delegados da Polícia Civil do DF e estavam designados no governo anterior para trabalhar no sistema prisional. Eles não foram localizados para comentar a acusação.
Magalhães e Murilo Cunha já respondem a uma outra ação de improbidade envolvendo a prisão anterior de Estevão. Eles teriam liberado a saída do empresário da Papuda, para passar o fim de semana em casa, em dezembro de 2014, sem autorização da Justiça.
Murilo Cunha está aposentado. Magalhães é hoje o chefe da assessoria jurídica da direção-geral da Polícia Civil. Feitosa está lotafo no plantão da 10ª DP, no Lago Sul.
Procurado pelo Correio, o advogado Marcelo Bessa, que representa Luiz Estevão, nào quis comentar o caso.

Na ação, o MPDFT incluiu fotos que mostram a diferença nas alas: