O alojamento sub-humano de chineses dentro de uma pastelaria
- Domingos Peixoto / Agência O Globo
Ao todo, nove estabelecimentos foram vistoriados nesta
sexta-feira, no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense. O Procon interditou uma
pastelaria por más condições de higiene e ausência de documentação, além de
autuar outras seis por diversas irregularidades. O MTE notificou quatro
pastelarias que não apresentaram os documentos trabalhistas de seus
funcionários.
A primeira visita desta sexta-feira feita por fiscais do
Ministério Público do Trabalho (MPT) e agentes do Procon aconteceu na Rua
Camerino, na Praça Mauá, no Centro. Um funcionário chines foi levado para a
(SRTE/RJ). Segundo agentes, há forte indícios de trabalhos análogos à
escravidão. De acordo com Larissa Abreu, fiscal do MPT, no andar superior da
pastelaria havia colchões sem higiene, localizados ao lado de cabos de energia
elétrica. Segundo ela, o trabalhador dormia dentro de um buraco com menos de dois
metros.
— O cenário que encontramos apresenta fortes indícios de que
ele possa estar em situação análoga à escravidão — disse Larissa.
Em uma pastelaria foram encontradas roupas, numa espécie de
armário - Domingos Peixoto / Agência O Globo
De acordo com Fábio Domingos, diretor de fiscalização do
Procon, o estabelecimento recebeu autos de infração pelas condições insalubres
da pastelaria.
— Um cenário de horror. Na bancada onde estavam os frangos
desfiados que seriam utilizados nos recheios dos pastéis havia um gato. Eles
alegam que o felino servia para afastar roedores. No entanto, o animal poderia
urinar e defecar nos alimentos, contaminando-os. Também verificamos muita
poeira e insetos na área de preparação.
Na Zona Norte, dois chineses foram retirados de uma
pastelaria na Rua Luís Barbosa, em Vila Isabel. Os dois, que não sabem falar
uma palavra em português, não tinham qualquer documento de identificação e de
trabalho. O estabelecimento, localizado no número 1, estava com alimentos
vencidos. Na cozinha, alguns ingredientes apresentavam marcas de mordidas de
roedores. O estabelecimento também recebeu diversos autos de infração por
insalubridade. Na Tijuca, uma pastelaria denunciada na Rua Conde de Bonfim já
estava fechada quando os agentes chegaram ao local.
Na Baixada Fluminense, uma pastelaria foi fechada pelo
fiscais em Belford Roxo. Os chineses, que não falavam português, fugiram
correndo e abandonaram o estabelecimento. O local também não possuía alvarás
nem certificados de funcionamento e foi lacrado.
Os locais escolhidos pelas equipes de fiscalização foram
listados devido ao histórico de denúncias e de inspeções já realizadas. A
equipe é formada por dez auditores fiscais do Trabalho e oito fiscais do
Procon.
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A operação foi batizada de Yulin pelas denúncias do uso de
carne de cachorro nos pastéis, por se tratar do nome da cidade no sul da China
onde é realizada anualmente, no dia 21 de junho, o Festival de Carne de Cão,
com o abate de aproximadamente dez cães.
VIGILÂNCIA SANITÁRIA FECHA PASTELARIAS
Na quinta-feira, a Vigilância Sanitária do Rio começou um
trabalho de fiscalização em pastelarias de chineses do Rio. Dez lojas foram
fiscalizadas e autuadas por más condições de higiene e armazenamento de
produtos com validade vencida. Três — localizadas em Botafogo, em Laranjeiras e
na Tijuca — foram interditadas.
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