SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva prestou depoimento
por quase quatro horas na manhã desta sexta-feira no setor de autoridades do
Aeroporto de Congonhas. De acordo com o deputado federal Paulo Teixeira
(PT-SP), que acompanhou o depoimento, Lula estava tranquilo, mas mostrou
indignação com algumas perguntas.
O ex-presidente estava acompanhado dos advogados Roberto Teixeira,
Cristiano Zanin e Rodrigo Ferrão. Ele respondeu perguntas de dois delegados da
Polícia Federal e de dois procuradores do Ministério Público Federal.
De acordo com Paulo Teixeira, Lula mostrou irritação ao ser indagado
sobre os dois pedalinhos, com nomes de seus netos, que estão no sítio de
Atibaia.
- Ele disse que essa não é uma pergunta que está à altura da Polícia
Federal - contou o deputado.
Veja também
Ainda nas palavras do parlamentar, os investigadores usaram notas
divulgadas pelo Instituto Lula para fazer boa parte das perguntas.
- Isso mostra que não havia necessidade de fazer essa condução
coercitiva. Foi um abuso o que aconteceu aqui hoje. Basta oficiar o
ex-presidente que ele apresentaria os seus esclarecimentos, como já fez outras
vezes.
Sobre o sítio, o ex-presidente disse que a propriedade está em nome de
Jonas Suassuna e de Fernando Bittar. Também negou ser dono do tríplex do
Guarujá.
- Quem atribuiu esse imóvel (o tríplex)
a ele é que precisa explicar - disse Paulo Teixeira.
Lula, ainda segundo o deputado, também
criticou o mecanismo da delação premiada, apesar de não ter sido questionado
sobre o depoimento do senador Delcídio Amaral (PT-MS).
- Ele disse que para sair da cadeia a
pessoa fala qualquer coisa e depois não consegue provar.
Para Paulo Teixeira, ao determinar a
condução coercitiva de Lula o juiz Sérgio Moro age de forma política e não
jurídica:
- O Supremo Tribunal Federal precisa
coibir esses abusos.
GRITOS DE 'NÃO VAI TER GOLPE'
Presidente do SESI e ex-secretário
geral da presidência da república, Gilberto Carvalho chegou ao Partido dos
Trabalhadores, em São Paulo, sob gritos de "não vai ter golpe" dos
militantes.
- A cereja do bolo, o objetivo final
era criar um constrangimento ao ex-presidente Lula. Onde estão os grandes
corruptos agora? Em casa, descansando - disse aos jornalistas.
Carvalho afirma que a expectativa é que
a Lava-Jato retome "ao seu leito normal".
- Eles já conseguiram alcançar seu
objetivo. Agora têm que, de fato, combater a corrupção. Lula é alvo de um
processo de desconstrução, de um projeto político. Espero que estejam
satisfeitos, e que agora se cumpra o papel de combate à corrupção e parem, de
uma vez por todas, com essa perseguição política.
O deputado federal Devanir Ribeiro
acredita que ao menos parte das acusações que pesam sobre o ex- presidente Lula
foi inventada pela imprensa. Ao chegar na sede do Partidos dos Trabalhadores,
no Centro de São Paulo, onde desde cedo a executiva da legenda está reunida,
ele esbravejou contra jornalistas.
- Vocês mentem. Inventam fofoca da
gente para nos prejudicar. Só sabem falar mal da gente - esbravejou Ribeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário